Em entrevista à NBC, pastor americano diz que 'definitivamente não vai queimar o Alcorão' neste 11 de setembro

NOVA YORK, WASHINGTON e CABUL - O pastor americano Terry Jones disse, em entrevista neste sábado ao programa "Today", da rede NBC, que não vai queimar exemplares do Alcorão, o livro sagrado do Islamismo.

- Decidimos cancelar a queima. Definitivamente não vamos queimar o Alcorão - disse ele, no dia em que os atentados de 11 de setembro completam nove anos.

Para lembrar a data, familiares e amigos das vítimas realizaram cerimôniascomo uma forma de homenagem.

O pastor evangélico da Flórida, que havia ameaçado queimar os exemplares do livro sagrado , disse que jamais faria isso ainda que a mesquita fosse construída em um local próximo de onde ficavam as torres do World Trade Center.

Em declarações na NBC, em Nova York, Jones afirmou que o objetivo de sua igreja em Gainesville era "denunciar que existe um elemento do Islã que é muito perigoso e muito extremista".

- Sem dúvida cumprimos essa missão - assegurou.

Tensão e protestos marcam os nove anos dos atentados de 11/9

O clima é de tensão no dia em que os atentados de 11 de setembro, nos Estados Unidos, completam nove anos. Neste sábado, um grupo de manifestantes caminhou pelas ruas de Nova York para mostrar sua posição contrária à construção de uma mesquita próxima do Marco Zero. Carregando placas com os dizeres "Nunca perdoe, nunca esqueca, sem mesquitas no WTC (World Trade Center)", diversas pessoas cantaram "USA, USA", vestidas com camisetas e bonés estampados com a bandeira americana.

Na sexta-feira, o presidente Barack Obama apelou para que o pastor Terry Jones abandonasse o plano de queimar exemplares do livro sagrado do Islamismo. A atitude do religioso gerou revolta e, no Afeganistão, os muçulmanos saíram às ruas para participar de protestos.

Lojas e postos de controle foram incendiados neste sábado durante uma manifestação, na qual milhares de afegãos entoavam gritos de "morte aos Estados Unidos" em Puli Alam, capital da província de Logar.

Din Mohammad Darwish, porta-voz do governador provincial, disse que a polícia disparou para o ar como um aviso para impedir os manifestantes de invadir a casa do governador. Ele observou que não há relatos imediatos de feridos. Pelo menos 11 pessoas ficaram feridas em protestos semelhantes sexta-feira no país e um manifestante morreu ao ser atingido por um tiro .

Em coletiva, Obama pede respeito à liberdade religiosa

Um dia antes de completar nove anos dos atentados, um relatório advertiu que os Estados Unidos enfrentam uma ameaça crescente dos grupos insurgentes domésticos. Também na sexta-feira, Obama falou aos americanos a respeito do direito à liberdade religiosa e disse que esperava que o pastor abandonasse seu plano de queimar o livro sagrado do Islã, dizendo que este ato poderia prejudicar profundamente a imagem dos Estados Unidos no exterior.

- Esta é uma maneira de pôr em perigo nossas tropas, nossos filhos e filhas (...). Não brinque com isso - disse Obama, em uma entrevista coletiva em Washington, na qual incluiu um convite à tolerância religiosa

Agências internacionais